Memória Sindical

A importância do acervo histórico

Com apoio da Central Única dos Trabalhadores no Amapá – CUT/AP o Sindicato dos Servidores Públicos Federais Civis no Estado do Amapá – SINDSEP/AP, busca resgatar a memória sindical através da história de vida de personalidades que muito contribuíram e, ainda contribuem para construção da luta sindical no Estado do Amapá.


Sec. de Comunicação: Maria Neuziana Castro
Texto: Marly Tavares
Fotografia: Jackson Mourão

A luta secular da classe trabalhadora no mundo coleciona históricas cenas de resistência e importantes vitórias que não podem ser perdidas com o tempo.

Assim o material será elaborado pela equipe de imprensa do sindicato e disponibilizado individualmente, no site da instituição ao longo da construção, também será lançado conjuntamente em forma de coletânea. O material faz parte de edição comemorativa aos 30 anos do Sindsep/AP que acontecerá em janeiro de 2019.

Primeira história
Manoel Gomes Coelho (Manoel Conceição)

“A família é a base que dá força para luta”. (Manoel Conceição)


Um monçonense de fibra movido por três paixões: a família, a Luta e o Partido dos Trabalhadores.

Nascido em 1950, na cidade de Monção, no estado do Maranhão, cidade fundada por sua família que era portuguesa. Filho de Pedro Gomes Coelho, africano do Quênia e Florentina Gomes Coelho, portuguesa de Coimbra.

Chegou ao Amapá com 22 anos de idade, em 1972. Veio trazido pela empresa Jari Celulose que trazia muitos trabalhadores do nordeste como peões, para roçagem, derrubagem e trabalho em cantinas. Como sabia ler e escrever bem, trabalhou em várias cantinas e ajudava o primo que era “gato”, a trazer mais peões do Maranhão para o Jari.

Entre as muitas entradas e saídas da empresa, marcou, o trabalho na construção da base da empresa que era a casa de força e a fábrica de celulose que viriam do Japão em 1976. Nesse mesmo período retornou para visitar a família no Maranhão e voltou casado fixando moradia em Laranjal do Jari, quando ainda era distrito do município de Mazagão, ao investir sua indenização na compra de um sítio onde reside até hoje com sua família, e montagem de um pequeno comércio. Era meados de 1978.

Com o nascimento dos filhos, iniciou também seu envolvimento na política e movimento sindical, vale destacar: “por necessidade” no início dos anos 80.
Pai de seis filhos do primeiro casamento com nomes inusitados – (Salatiel, Mazeliel, Maeli, Nafitali, Tilá Tilá, Iantalá, em homenagem aos aiatolás, lideranças religiosas muçulmanas – segundo casamento, filha adotiva Manoela, Líbia e Taíla). Sendo quatro com nível superior.

O movimento sindical foi uma vida intensa, começou como delegado do sindicato de Almeirim – PA, e a convite do prefeito de Mazagão, do qual Jari era distrito, passou a representar o Amapá.

Ao deixar a delegacia de Almeirim, começou a montar a Cooperativa Mista Extrativista Vegetal dos agricultores do Laranjal do Jari – COMAJA e a Associação Mista dos Agricultores e Extrativistas Vegetais do Laranjal do Jari (AMAJA).

O movimento dos trabalhadores ascendeu a chama para criação da delegacia sindical, período em que conheceu o Pedro Ramos em Macapá que iniciava o sindicato e unindo forças, a delegacia sindical, seguida da vice-presidência e depois o sindicato que existe até hoje.

Foi preso em 1985 por liderar grupo de trabalhadores para impedir que a Jari celulose cercasse uma área que hoje corresponde ao Cajari e impediria que a cidade crescesse, pela pressão popular foi libertado.

Pedro Ramos – foi um grande colaborador para o movimento que cresceu e acabou desencadeando a proteção dessa cidade que surgiu pelo movimento sindical pois nenhum prefeito se envolveu nessa luta nesse período. Em 1988, Manoel da Conceição foi elevado de dentro do movimento para ser prefeito com objetivo de fortalecer o movimento.

Contudo foi um mandato atropelado por inimigos que existiam na luta, depois em 1992 perderam a eleição e, em 1996 ganharam o pleito. Foi o último mantado quando o movimento já estava forte e o sindicato criado, a cooperativa tinha uma grande força pois foi criada pelos trabalhadores e a associação foi fundida com a COMAJA . Eram as duas associações fortes que movimentaram os trabalhadores que tiveram força até para enfrentar a grande Jari, empresa que queria isolar o povo dentro de 3 mil hectares que tinha doado para o então Território do Amapá, mas conseguiram com a AMAJA e o sindicato lutar e conquistar com os próprios braços, as terras que hoje são vistas na cidade. 

A massa que se tinha era o povo pobre que se reunia e com o tempo se uniu e criou força incontestável em Laranjal do Jari e passou a ser respeitado. “O povo para fazer a campanha só era de pés no chão, rasgados que ninguém queria, mas era esse povo que precisava de autoridade que eles não tinham, depois que o PT começou a crescer e aparecer com a criação da CUT e do MST, no Rio Grande do Sul”.

“Só acredito numa entidade se ela for filiada à CUT. Quando vejo uma entidade que está fora da CUT penso naquelas que foram criadas para negociar com os patrões por traz das cortinas, não como a CUT que defende o direito do trabalhador de cara a cara, é verdadeira […] Claro que em todo lugar tem gente ruim”.

Conseguiu-se unir às igrejas católica, evangélicas…O Partido dos Trabalhadores praticamente nasceu dentro da igreja católica no Jari e depois se juntou com as evangélicas, de acordo com Manoel Conceição.

Com sua volta ao partido, após décadas, muitos voltarão. “Voltei com todo prazer, patrão ninguém tem, nosso patrão somos nós mesmos”. Se referindo aos rurais da região.

“Só duas pessoas conseguiram unir o povo na terra, o pobre ao rico e o preto ao branco, Nelson Mandela e Luiz Inácio Lula da Silva, ninguém nesse país tem uma história de luta verdadeira”. (Manoel Conceição)


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